quinta-feira, 20 de março de 2014

Doce de abóbora com coco

Doce de abóbora com coco by jcoarq
Doce de abóbora com coco, a photo by jcoarq on Flickr.

    Quando era criança os doces de fruta não eram, obviamente minha preferência. Nas férias, minha família toda ia para um sítio de meu avô para fazermos doces de goiaba. Até as crianças entravam na dança. Cada um tinha uma função, e nós, crianças, eramos responsáveis por retirar as sementes das goiabas com uma colherinha. Eram goiabas e mais goiabas, que se convertiam em doces em calda, "de cortar", geléias e outras delícias.

    Anos se passaram e em toda época de Natal, minha avó paterna iniciava o preparo dos doces de frutas. Eram figos cristalizados, doces de mamão, entre vários outros. Nas visitas a sua casa às vésperas do Natal , só encontrávamos doces espalhados por todo lado, secando calmamente à brisa suave de sua casa. Brisa essa que me traz boas lembranças de minha infância.  As mesas de doces de nossos Natais com certeza não são mais as mesmas, já que Dona Adelina não tem podido ficar horas em pé fazendo os doces.

    Há alguns anos, quando descobri os prazeres da cozinha, fui até a casa de minha avó e fiz uma compilação de sua receitas de doces de frutas e desse compilado saiu essa delícia que vocês vêem na foto.

    Logicamente, para que o doce se materializasse, precisava da matéria prima principal e para isso tenho um ótimo fornecedor, meu pai, que se não herdou os dotes culinários de sua mãe, herdou o prazer em ver uma bela fruta se tornar um maravilhoso doce. Meu pai havia ganhado uma abóbora de aproximadamente um metro de comprimento e se dispôs a descascá-la e a cortá-la em pedaços. Foram baldes e baldes de abóboras picadas que foram distribuídas por toda a família.

    Para mim, couberam dois baldes, sendo um de abóboras picadas em cubos de aproximadamente 4 cm e outro de abóboras picadas miudinhas (cerca de 1 cm).
Com as abóboras maiores fiz um doce em calda que ora ou outra escorro e cristalizo. E com a abóbora miúda fiz o doce de pasta da seguinte forma:

  • primeiramente, coloque as abóboras de molho em água e deixe descansar por uma hora aproximadamente. Escorra a água e repita a operação mais uma vez;
  • em uma panela, ou tacho de cobre, coloque as abóboras e açúcar na proporção de 1 Kg de abóbora para 1 Kg de açúcar (minha avó acha melhor colocar o açúcar cristal);
  • para três quilos de abóbora coloquei três saquinhos de coco ralado em flocos (sem açúcar), mas se preferir pode colocar o coco natural ralado;
  • paus de canela e cravos da índia à gosto;
    Aí é só ter muita paciência e esperar o doce se formar. A abóbora vai soltar sua água e portanto não precisa colocar nadinha de água.

    O tempo de preparo é uma incógnita, ainda mais se você escutar minha Avó falando com sua voz calma frases de efeito como: "o que faz um bom doce é a dormência".

   Após uma longa explicação, entendi que isso queria dizer que você deixará o doce cozinhando por horas, até o açúcar se fundir à fruta que já deverá ter se tornado uma pasta. Depois disso você vai desligar o fogo para que o doce descanse. No dia seguinte retome as atividades, ligando o fogo novamente e deixando o doce cozinhar mais um pouco. Essa operação de cozinhar, desligar o fogo, deixar descansar e retornar a cozinhar é o que faz a diferença. Você deverá repetir o processo até que o doce atinja a cor desejada.

    Durante o cozimento, vai se formar uma espuminha sobre o doce, proveniente do açúcar, que você deverá ir retirando e descartando com a ajuda de uma escumadeira. 

    Para armazenar o doce, esterilize vidros grandes, fervendo-os em um caldeirão. Disponha o doce nos vidro e guarde na geladeira. Alguns doces não precisam ficar refrigerados, mas o de abóbora tenho mantido.

    Para saboreá-lo coloque o doce em uma cumbuquinha e disponha ao lado uma bela fatia de queijo mineiro, meia cura ou fresco.




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